quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Uma força matriz da Democracia



Há um aspecto particularmente relevante na eleição para a Presidência da República, que não tem sido devidamente valorizado. Tem, contudo, uma importância vital e um significado profundo. Refiro-me ao facto de, pela primeira vez na história da 3a República termos um candidato, a sério (não uma “lebre”, um boneco de ventríloquo ou os habituais fantoches que sempre aparecem nestas coisas para compor o ramalhete ou dar o toque de pantomima barata que julgam que ainda falta à vida política portuguesa), que não é oriundo das sacrossantas áreas castrense, do direito ou da economia. Sampaio da Nóvoa vem da área da pedagogia. Tem originalmente, pasme-se!, uma licenciatura em Teatro. O Teatro, seguramente uma força matriz da Democracia! E ousa afirmar que a Pedagogia e o Conhecimento são condicionantes e componentes vitais do nosso futuro. Neste país de burros convertidos em “doutores”, a área de especialidade de Sampaio da Nóvoa é motivo de especulação. Fosse isto um país a sério e a causa a que ele dedicou a sua vida seria, não pretexto para insulto, mas motivo de enorme confiança. Fosse isto um país a sério e a dedicação que ele generosamente demonstrou à causa seria motivo de merecido e grato reconhecimento e nunca pretexto para ataques reles. Fosse isto um país a sério e a simples escolha dos temas Pedagogia e Conhecimento como causas maiores e necessárias de um magistério presidencial seria, isso sim, garantia antecipada de vitória. Fosse isto um país a sério e estaríamos a escolher entre, não um, mas dois ou mais candidatos de cujo programa constariam esses dois temas essenciais. Há dois candidatos à eleição para Presidente da República de Portugal. Um uniu a Universidade e fez da Pedagogia e do Conhecimento bandeiras últimas da sua acção. Quer formar mais Portugueses capazes. Outro dá “aulas" numa espécie de loja dos 300 em formato HD, com promoções semanais e promessa de desconto em cartão. Quer formar mais imbecis, como se não bastassem os que cá temos. Vamos ver se isto é um país a sério... Mas não vamos desistir nunca de o transformar num país a sério.

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