quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

CONTRA A CALÚNIA

Pela primeira vez na história da nossa 2ª República surgiu na cena política um candidato presidencial potencialmente vencedor que nunca teve filiação partidária, que não ocupou cargos políticos e que, por isso mesmo, vem de fora do sistema, expurgado de qualquer tipo de dependência relativamente à rede de interesses clientelares (político-partidários, corporativos, económicos, financeiros e outros). Até aqui pensava-se ser impossível alguém com semelhante perfil poder ter grande possibilidade de vencer a corrida eleitoral, tornando-se presidente da República. A candidatura de Sampaio da Nóvoa veio criar essa possibilidade. Isso, por si só, já lhe confere uma vitória: a valorização da cidadania. Mas esta novidade incomoda os mentores da rede de interesses e seus usufrutuários. E tal gente, quando vê ameaçadas as suas inconfessáveis negociatas não hesita em fazer uso do golpe baixo, recorrendo à calúnia, tão certeiramente definida por Dom Basílio, personagem da comédia Le Barbier de Séville de Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais, como algo que, embora não tendo fundamento, vai crescendo, crescendo, crescendo até que acaba por cristalizar como “verdade” na mente de muitos incautos cidadãos. Rossini deu genial expressão musical ao fenómeno numa célebre ária do seu popular Barbeiro. E nós, em vésperas de eleição presidencial, pudemos presenciar despudorado exemplo de calúnia jornalística.

O matutino Correio da Manhã resolveu injectar veneno na candidatura de Sampaio da Nóvoa, por ser ela a tal que incomoda. Fê-lo através da cumplicidade com a calúnia já antes semeada por uma outra candidatura que, vazia de conteúdo e condenada a um resultado eleitoral abaixo dos 0,2%, está no terreno apenas para favorecer candidata amiga do caluniador.

Numa sociedade livre os idiotas provincianos têm direito à opinião, como qualquer outro cidadão, e um fulano pode querer cair no ridículo de dizer que tem competência superior à das conceituadas universidades de Oxford ou de Columbia para validar as competências académicas do ex-reitor da principal universidade da nossa pátria. O que não é suportável nem admissível é que esse idiotismo ridículo e saloio seja promovido pela comunicação social, violentando e desprestigiando uma coisa chamada jornalismo – coisa indispensável à boa saúde da democracia.

Nunca pensei ir perder tempo com acusação tão ridícula, mas o espantoso grau de má-fé patenteado pelo “jornalismo” do Correio da Manhã, dando eco, três dias antes das eleições, a uma reles acusação caluniosa proferida por um pacóvio contra o candidato Sampaio da Nóvoa é já coisa merecedora de veemente reacção denunciadora. Pelo menos, por parte de quem, como eu, assimilou a lição do Beaumarchais e sabe bem que a calúnia, após a semeadura, tem efeitos incontroláveis. Os senhores do Correio da Manhã também sabem. Por isso a usaram como arma política contra a candidatura para um novo tempo; tempo inimigo da rede de interesses clientelares instalados. Nenhum eventual desmentido apaga a indecência da notícia falsa e caluniosa hoje publicada, pelo que deve o cidadão eleitor que seja pessoa de bem elevar a voz e lançar grito de denúncia. A isso me dediquei aqui e agora.

João Maria de Freitas-Branco
Caxias, 20 de Janeiro de 2016

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